Minha avó tinha o hábito de ler e contar histórias. Elas variavam de contos de fadas até as que ela criava e encenava somente para mim. Costumava ajoelhar-me e encostar-me em seu colo e, ali, enquanto ela acariciava meus cabelos ouvia, vivia, sentia e ía a lugares sem fim. Que encantamento! Até o que eu ainda não compreendia fascinava-me: histórias tristes, famílias pobres e bonecas vivas.
Eu ainda não conhecia nada de letras e afagava os livros. Com eles viajava nas gravuras e amáva-as. Depois de aprender a ler, deitava-me de bruços sobre a mesa e ali entrava na "Ilha Deserta de Robinson Crusoé," voava no mundo de "Alice no País das Maravílhas "e comparava meus lindos cachos com"Cachinhos Dourados". Ficava feliz quando minha avó chamava-me assim. "Meus cachinhos".
Quanto mais lia mais queria saber e aprender sobre o mundo fantástico da literatura. Empolgava-me porque já conseguia ler livros com capítulos, verdadeiro, comprido:" O Pequeno Príncipe," que marcou para sempre o meu modo de ver o mundo, "Clarissa", "Meu pé de Laranja Lima"...Eram tantos! O universo de ficção atraia-me de tal forma, que logo comecei a produzir histórias, poesias, crônicas, foi aí que a arte chegou e nunca mais foi embora. Hoje os livros são parte da minha vida. É com eles que converso, desabafo, rabisco, aprendo, pinto, canto e danço.
Que honra quando minha avó aplaudia , chorava e sorria com minhas histórias. É o encanto, a magia. São as coisas eternas da vida.
Autora: Nara Freitas.
2 comentários:
ótimo texto; muito bom termos consciência e gratidão ao ponto de partida, às pessoas e circunstâncias que nos auxiliam no processo de formação.
grande abraço do amigo
Julio Silva
www.juliosilva.net
ai, que saudades da Babá...
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