18 de setembro de 2011

SEQUESTRO RELÂMPAGO

Abri a janela
Da minha alma
Depois de correr a cortina transparente.
Descobri...
Nuvens cinzentas
Águas barulhentas
E uma amargura
Amargurada...
Alguém roubou
Meu encanto
Sequestrou como
Um relâmpago e
Eu fiquei desolada.

Inocente...tola que sou
Sensibilidade apurada
Ao tocar com leveza
A cortina acetinada
Eis, que ali
Sorrindo para mim
Teu beijo alucinava-me...
Sequestrador dos meus sonhos
Esse sequestro relâmpago
Deixou-me baratinada.

Nara Freitas

14 de setembro de 2011

PRAZER DE VIVER ASSIM

Gosto de sentir o prazer de escrever
Escrevendo...
Desorganizo-me
Organizando minhas ideias.
Palavras saltitam na mente
Fazem enredos, malabarismos,
Encenações.
Não sei como esse processo chegou
Sei que é essencial como o sol
Para aquecer os dias.
Saio fora do mundo
Entro dentro de mim
Como a marca de um beijo
Bem dado, marcante, delicado.
Felicidade? É o prazer de viver assim.
Quando vem a inspiração
Não há poeta que escape.

Nara Freitas
PUREZA

Abrem-se cores
No céu
Sinfonia de anjos
Misteriosos arranjos
Minha voz se cala
Fala o silêncio
Abertamente.

Lágrimas umedecem
Meu olhar
Deslembradas de cairem
Pela face.
Ah! Se eu morresse agora...
Certamente,
Morreria de alma cheia.

Nara Freitas
MADRUGADA INGÊNUA

Não há noite tediosa
Para nós, poetas.
A madrugada é tranquila
Espantamos o escuro da nossa alma
Através de palavras.

Ela vem chegando
Bamboleando com o vento
Estigando cata-ventos
Vem fazendo metáforas
Aliterações
Mistura feitiços
Com misteriosas canções.

Madrugada ingênua
Chega bem perto
E logo é encoberta
Com afagos de poemas.

Nara Freitas
Percorro só um caminho
O do vento...
Ele não pede passagem
Vai...
Extravasa...
E ainda deixa rastros
Por onde passa.

Nara Freitas

13 de setembro de 2011

 
SINTONIA

 
Olho o céu...
A nuvem se desfaz
Aos poucos.
Sensibilizada
Abre passagem
Ao sol.
Meu olhar
É assim...
Deslumbra-me!
Faz um arranjo
Perfeito e
Completo
Com meu coração.

Nara Freitas

9 de setembro de 2011

DEIXEI DE SER

Aprisiono-me a uma memória
Que angustia
Misturam-se imagens
De cores longíquas
Sensações que marcaram e
Deixam-me confusa
Grandes vendavais!
Estou no presente
Bem sei...
Perplexa envolvo-me no enredo
Do que já deixei de ser.

Meu interior,
Sensivelmente desmedido
Sabe...
Cada momento
Um milagre...
Tenho sonhos a percorrer.
Adio o passado
Esqueço o presente
E peço-te...
Ajuda-me a viver.

Nara Freitas

3 de setembro de 2011

DOR

O olhar marcado
Sobrevoava o horizonte
Abria-se fissuras
De sangue
No coração.
Espinhos atravessavam-se
No peito
Tensão...
O brilho radiante
Do sol já não mais
O invadia
A tristeza, insistia.
Ela, logo ela,
Que via a vida
Com paixão
Descontrolou-se
Emudeceu.
E, num suspiro profundo,
Um sussurro a implorar de coração:
- Cante-me, cante-me
Mais uma vez...
Somente uma vez...
Nossa última canção.

Nara Freitas 

1 de setembro de 2011

MAGIA

O véu da noite
Fez a curva do caminho
Como um fantasma
Assombrando com tormento.
Repentinamente,
Uma luz
De olhar aceso...
A lua
Mágica lua
Desprendida
Sem receio...
Ensinava as estrelas
A amarem.

Nara Freitas